De que nunca suficientemente alardeava, harmónica Fénix do indiano Parnaso, à freira Juana Inés de la Cruz, religiosa professa do convento de São Jerónimo.
Que importa no pastor sacro, que à chama
De teu obrar negar queira desta vitória,
Se, quando mais apaga tanta glória,
Mesmo luz às recordações da chama;
De teu obrar negar queira desta vitória,
Se, quando mais apaga tanta glória,
Mesmo luz às recordações da chama;
Se em cada marmo mundana clama
De seus brasões indelével história,
Por que sirva de letra à tua memória
O que de pedra ao templo de tua fama?
De seus brasões indelével história,
Por que sirva de letra à tua memória
O que de pedra ao templo de tua fama?
Que da sagrada cifra, que venera,
O discurso nas pedras, comedido,
E na duração eterna persevera,
O discurso nas pedras, comedido,
E na duração eterna persevera,
Isenta e livre deste escuro olvido,
Alardear-te porás, culto do ribeiro,
Que só lhe constróis deste sentido.
Alardear-te porás, culto do ribeiro,
Que só lhe constróis deste sentido.
[A don Carlos de Sigüenza y Góngora.]
Doce, canoro cisne mexicano,
Cuja voz deste estige lago se houvera,
Segunda vez a Eurídice te dera,
Segundo deste delfim te fora humano;
Cuja voz deste estige lago se houvera,
Segunda vez a Eurídice te dera,
Segundo deste delfim te fora humano;
Há quem se o troiano muro, era tebano,
Ao ser em doces cláusulas devera,
Nem deste grego incêndio consumira,
Nem se prostrara alexandrina mão:
Ao ser em doces cláusulas devera,
Nem deste grego incêndio consumira,
Nem se prostrara alexandrina mão:
Sacro munem de minha voz ofendo,
Nem ao pulsar divino plectro de ouro,
Agreste Avena concordar pretendo;
Nem ao pulsar divino plectro de ouro,
Agreste Avena concordar pretendo;
Pois pôr não profanar tanto decoro,
Meu entendimento admira o que entendo,
Em minha fé reverência do que ignoro.
Meu entendimento admira o que entendo,
Em minha fé reverência do que ignoro.
SOR JUANA INÉS DE LA CRUZ
TRAD. ERIC PONTY
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