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sábado, março 31, 2018

ODE AO JAZMIN - Poèmes à Jean Voilier - PAUL VALÈRY - TRAD. ERIC PONTY


São seixos cravados no meu peito em teus olhos,
Sendo quais gentis riscos incertos olhares,
Trespassadas chamas vivas de meu anoitecer absorto,
Ô Compleição imanente, ô tu estás em todas partes.

Tu que estás cingida pela doçura do riacho,
Que ao viver sem ti um dia me íleo de ferro,
Que me enevoa teu peso sendo meu suspiro ejeta
Que ao findar-se no século cabal do inferno…

É, mas, em teu contorno feito de mim quanto existia me irritava,
E tua obra mesma em mim é igual dum sonho importuno,
Se ao haver em ti, há em Ti, ave unida,
Que se fez dócil em minha alma no teu sigiloso aroma.

E ao respirá-la em teu espírito na moradia mais terna,
Onde as savanas castas, são floridos unos, junto às chamas,
Na potência amorosa que em teus membros anelados
Sendo contigo amada um só sorriso de refúgio em minha súplica.

Devora, pois, o caminho, retornarmos ao vácuo da delícia,
Meus passos me suprimem aos preciosos degraus
Que me carregam ao umbral de teu sedoso caliz
Minha sede por ti achares em teus certos olhares.

Exausta está minha espera amores por andares fingindo-o;
E ao bebê-los e fechá-los quero, e ao ver-te como estes se abriram.
Calmos outra vez quando ao excesso esperado de nos unir-nos
Isto é que nos permitirá sorrir em teu latejo.
PAUL VALÈRY
TRAD. ERIC PONTY

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