Ice, (o Harold)
Hart (1899-1932), poeta lírico americano, é conhecido pela sua habilidade
meticulosa e disciplinada, a celebração dos aspectos positivos da vida urbana e
industrial moderna.
Crane nasceu em 21 de julho de 1899, em Garrettsville, Ohio. Ele teve que morar
com a avó materna em Cleveland de 1909 até o divórcio dos pais em 1916, quando
deixou a escola secundaria e foi para Cidade de Nova Iorque. Lá foi estimulado
pelo mundo literário, mas estava impossibilitado de se manter escrevendo.
Finalmente, em 1921, se separou do pai, e escrever poesia passou a ser seu
principal objetivo. Sua vida pessoal estava no processo de formação de uma
mistura caótica de alcoolismo e homossexualidade.
No Brasil Hart Crane é praticamente conhecido apenas em pequenos círculos de
literatura e o seu poema Louvor Para Uma Urna,
traduzido entre nós primeiro por Oswaldino Marques, depois Augusto de Campos e
Bruno Tolentino, foi mais motivo de affaire do que
propriamente uma discussão proveitosa na divulgação de sua poética.
Falecimento: 27 de abril de 1932, Golfo do
México
À Uma Ponte Do Brooklyn
Quando o alvorecer apagar-se, resta-nos um calafrio
A asa da gaivota irá emergir e girar-se-á inspirada,
Derramando anéis brancos de tumulto, construindo alta,
Em cima da baía encadeada, onde molha a Liberdade.
A asa da gaivota irá emergir e girar-se-á inspirada,
Derramando anéis brancos de tumulto, construindo alta,
Em cima da baía encadeada, onde molha a Liberdade.
Tal como marfim curvo que cede nossos olhos
Como ilusórias velas de um veleiro que se cruzam
Alguns comentam ser imagens a serem guardadas;
Até que ascensor nos disfarce o nosso dia...
Como ilusórias velas de um veleiro que se cruzam
Alguns comentam ser imagens a serem guardadas;
Até que ascensor nos disfarce o nosso dia...
Penso nos cinemas, nos truques panorâmicos,
Com multidões presas para alguma cena reluzente
nunca descoberta, mas para acelerar novamente,
Profetizando aos outros olhos na mesma cena;
Com multidões presas para alguma cena reluzente
nunca descoberta, mas para acelerar novamente,
Profetizando aos outros olhos na mesma cena;
E vós, pelo porto, de passos prateados
Feito um o sol que surge, abandonado de vosso passo
Daquela sensação sempre por espreguiçar-se,
Implica-nos igualmente vossa liberdade!
Feito um o sol que surge, abandonado de vosso passo
Daquela sensação sempre por espreguiçar-se,
Implica-nos igualmente vossa liberdade!
Fora de alguma escotilha de metrô, cela ou sótão
Um encosto laminado acelera os vossos parapeitos,
Espreguiça-se um momento, feito uma camisa folgada,
E um gracejo desaba da caravana muda.
Um encosto laminado acelera os vossos parapeitos,
Espreguiça-se um momento, feito uma camisa folgada,
E um gracejo desaba da caravana muda.
Em Down Wall, uma viga mestra vaza ao meio-dia a rua,
Um rasgo de dente do acetileno do céu;
Durante à tarde tornando-se guindastes de áreas- nuvens...
Vosso cabo murmurando o silêncio do Atlântico Norte.
Um rasgo de dente do acetileno do céu;
Durante à tarde tornando-se guindastes de áreas- nuvens...
Vosso cabo murmurando o silêncio do Atlântico Norte.
E se obscurece como daquele céu dos judeus,
A Vossa Recompensa... Vos Aguarda para que realmente doais
De um tempo de anonimato não pode ser glorificado:
Tremo nesta constatação e perdoo que vós me mostrais.
A Vossa Recompensa... Vos Aguarda para que realmente doais
De um tempo de anonimato não pode ser glorificado:
Tremo nesta constatação e perdoo que vós me mostrais.
Tocarem à harpa e neste altar, nesta fúria fundida,
(Como mera labuta alinha cordas do coro que vós encadeais!)
Entrada terrificada do empenhado profeta,
Duma oração de pária e o grito de amante,
(Como mera labuta alinha cordas do coro que vós encadeais!)
Entrada terrificada do empenhado profeta,
Duma oração de pária e o grito de amante,
Além disso os semáforos desatam-se da vossa pressa
Fala não dividida; — o suspiro imaculado de estrelas,
Encaminhando vosso caminho-condensado da eternidade:
E eu venho à noite erguido em vossos braços.
Fala não dividida; — o suspiro imaculado de estrelas,
Encaminhando vosso caminho-condensado da eternidade:
E eu venho à noite erguido em vossos braços.
Debaixo de vós sombreia pelos cais que eu esperei;
Somente na escuridão vossa sombra é viva.
Os ferozes pacotes da cidade todos desfeitos
Já neve submergindo pelo ano férreo...
Somente na escuridão vossa sombra é viva.
Os ferozes pacotes da cidade todos desfeitos
Já neve submergindo pelo ano férreo...
O Insone, como o rio sob vós
Saltar sobre mar, o gramado sonhador de pradarias,
Até nós os mais humildes algum dia varram, e desçam
Desta curvatura conferida ao mito a Deus.
Saltar sobre mar, o gramado sonhador de pradarias,
Até nós os mais humildes algum dia varram, e desçam
Desta curvatura conferida ao mito a Deus.
Louvor Para Uma Urna
Era uma face amável do norte
Isso criou o disfarce de exilado
Os olhos perpétuos de Pierrô
E De Gargântua, e do seu riso.
Isso criou o disfarce de exilado
Os olhos perpétuos de Pierrô
E De Gargântua, e do seu riso.
Em seus pensamentos entregues a mim,
Na colcha branca do travesseiro
Eu percebo agora, eram heranças
Cavaleiros delicados da tempestade.
Na colcha branca do travesseiro
Eu percebo agora, eram heranças
Cavaleiros delicados da tempestade.
A lua inclinada na colina tendente
Uma vez orientada em nossos pressentimentos
Do que o morto mantém vivo ainda
Em tais existências desta alma.
Uma vez orientada em nossos pressentimentos
Do que o morto mantém vivo ainda
Em tais existências desta alma.
Empoleirado na entrada do crematório,
O relógio insistente comentava
Tocando bem em nosso elogio
Destas glórias formais do tempo.
O relógio insistente comentava
Tocando bem em nosso elogio
Destas glórias formais do tempo.
Ainda, tendo em meio ao cabelo douro,
Eu não posso ver àquela sobrancelha presa
E que se perde no som seco de abelhas
Estiradas por um espaço lúcido.
Eu não posso ver àquela sobrancelha presa
E que se perde no som seco de abelhas
Estiradas por um espaço lúcido.
Lavre estas palavras bem-significadas.
Na primaveril fonte enfumaçada enchida
Nos subúrbios onde elas irão por último.
Estes não são nenhuns troféus do sol.
Na primaveril fonte enfumaçada enchida
Nos subúrbios onde elas irão por último.
Estes não são nenhuns troféus do sol.
HART CRANE
TRAD. ERIC PONTY
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