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segunda-feira, janeiro 22, 2018

Quatro Sonetos de Charles Baudelaire - Trad. Eric Ponty

Há uma passante    

A rua ensurdecedora à volta do meu uivo,
Longa fina em grande mortal dor majestosa
Uma mulher passa de uma mão faustosa
Erguendo, balançando festão e debrum.

Ágil e com nobreza sua perna de estátua,
Meu eu bebe crispado como um extravagante
Em seu olhar, céu lívido onde brota furação.
A dor que te fascina e o prazer te mata.

Um clarão.... Pois à noite! -   fugitiva beleza
Onde olhar me faz súbito renascer
Nem te verei eu mais que uma eternidade?

Alhures longe aqui! Bem tarde! Jamais será!
Porque ignoro onde vais, tu não sabes onde vou
Ô tu que possuis amada. Ô tu que sabes!

Beleza 

Eu sou bela ô mortais! Como um sonho duma pedra,
Meu seio onde cada está a magoar volta em volta
E fez para inspirar o poeta um amor
Eternal e mudo que assim que à matéria.

Me sento no azul como esfinge incompreendida,
Eu uno-me coração negro na alvura dos cisnes,
Eu odeio movimento que desloca das linhas
E jamais eu nem choro e jamais eu nem sorrio.

Poetas em frente de minhas grandes atitudes,
Que empresto aos mais vaidosos monumentos,
Calcinar seus dias em austeros estudos.

Tenho para fascinar estes dóceis amantes,
Puros espelhos fazem todas coisas mais belas
Meus olhos, meus largos olhos claros eternos.


Ideal

Nós nem seremos nunca estes belos vigores,
Produtos avaria nado de um século vadio,
Estes pés borzeguim os dedos castanholas
Que sabem satisfazer um coração como meu.

Eu deixo Gavarni, poeta destas cloroses,
Seus rebanhos chilreiam belos hospitais,
Pois que eu nem encontro entre pálidas rosas
Uma flor que se assemelha ao meu rubro ideal.

Esta que faz do coração um profundo abismo,
Estais vós Lady Macbeth alma intenso crime,
Sonho de Esquilo florindo ao clima dos suões.

Ou tu grande noite, filha de Miguel Ângelo,
Retorcerem pacíficos em um pôr bizarro
Teus dons formam as bocas dos titãs!  


A vida Anterior

Por longo tempo eu vivia sob vastos pórticos
Que os sóis dos oceanos acesos com mil cores,
Os pilares quais, altos, retos e majestosos,
Fê-los, à noite, como grutas basálticas.

As ondas que embalaram a imagem do céu
Misturam, de maneira solene e mística,
Onipotentes acordes ricos consensos
Cores do pôr-do-sol refletem meus olhos.

Foi lá que eu vivi em uma calma voluptuosa,
Em um esplendor, entre do azul e o mar,
Fui atendido por escravas, nuas, perfumadas,

Quem abanou minha fronte com tuas palmas
E cuja única tarefa era de entender
Doloroso segredo me fez afundar!

TRAD.ERIC PONTY

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