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sexta-feira, outubro 05, 2012

Leitor de Jerônimo - Poema em prosa - Éric Ponty

Leitor de Jerônimo compreende dever de meditar o texto da Vulgata Latina. Silente gruta desnuda posses, tendo-se apenas, à tosca caveira eterna celso sob os relâmpagos dum raio de Sol. Lapidando olhos oblíquos carpirem-se infinitos idealiza-se em novos signos. Por exemplo, melhor acepção à passagem dum Ovídio, quiçá esta Tristia:

Parve — nec invideo — sine me, liber, ibis in urbem;
­ei mihi, quod domino non licet ire tuo!
vade, sed incultus, qualem decet exsulis esse:
­infelix habitum temporis huius habe.
nec te purpureo velent vaccinia fuco:
­non est conveniens luctibus ille color:
nec titulus minio, nec cedro charta notetur,
­Candida nec nigra cornua fronte geras.
felices oment haec instrumenta libellos:
­fortunae memorem te decet esse meae. 
­nec fragili gemmae poliantur pumice frontes,
­hirsutus sparsis ut videare comis.
 
Ignóbil livro irá, sem lhe proíba nem te escolte, à Roma, donde, jamais posso entranhar-se sendo autor. Parte sem adorno, ajustam ao filho dum prescrevido, e vista em tua infelicidade o traje te impôs os tempos. Que o jacinto não te ceda com sua tinta de púrpura: tal cor é imprópria às pugnas; teu título não se institua com vermelhidão nem lhe acolha à árvore flameje em tuas folhas, nem às extremidades marfim se apartem da sombria lauda.

Leitor de Jerônimo têm em consciência, questões, entretecido, apreende  algo olvidado perfazendo o texto. Entrelinhas demais severa ao leitor atendo. Ao se prostrar ao texto aos olhos percebe-lhes querelas aos olhos vulgares compõem duma outra perspectiva se dele Jerônimo tivesse assumido de si doutro adereço:
  
Parva obra parta, sem que eu o tolha nem te siga, à Roma, de onde, nunca entrar aprofundar sendo-lhe eu o autor. Peças sem insígnia combinam ao filho dum ordenado, à presença tua desdita o traje te atribuiu às eras. O jacinto não te ceda entinta púrpura: tal cor é inadequada às lidas; Na entrada não se forme com encarnado nem o abrigue de cedro cintile em tuas folhas, nem os fins de marfim se afastem da nuviosa página.

Silente leitor de Jerônimo obtém texto carpido à tosca caveira eterna celso  por Ovídio, mas, se não o fizer fixaram-lhe à ignara casta silente gruta sob relâmpagos dum raio de Sol. Desenham a si doutras espécies, outros signos, move arengas outras perpetram aos olhos do texto oculto. 
Éric Ponty

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