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terça-feira, agosto 05, 2025

Dante – Inferno - Canto I – Trad. Eric Ponty

No meio do caminho da nossa vida,
Dei comigo numa floresta escura,
Para o caminho certo perdeu-se.

Como é difícil dizer qual foi,
Esta floresta selvagem e irregular,
Que em pensamento o medo regresse

Tão amarga que pouco é mais morte,
Mas tratar do bem que aí achei,
Contarei as outras coisas que te trouxe,

Tão amargo que pouco é mais morte;
Não sei bem como é que entrei,
tão sonolento estava ele naquela altura,

Do que verdadeiro abandono.
Mas quando eu estava ao pé duma colina 
chegou, onde aquele vale terminou,

Que me encheu o coração de medo,
Olhei para alto e vi os seus ombros,
já vestida com os raios do planeta,

Conduz os outros diretas longo de cada rua,
Depois foi o medo um pouco silencioso,
No lago do meu coração me tinha durado,

Desta noite que passei com tanta pena,
Daqueles que com o fôlego cansado,
Ausente fora do lago para a margem,

Volta-se para a água perigosa e guata,
Assim a minha alma, que ainda fugia,
Voltou-se pra trás pra olhar pra o degrau,

Que nunca deixou uma pessoa viva,
Quando deitei um pouco o corpo,
Sendo arteiro pela piaggia deserta,

E o sol nascia com essas estrelas,
Quem estava com quando amor divino,
moveu essas belas coisas de antes;

Para que, boa esperança, a minha causa,
Daquela feira em pele de pantera,
Hora do tempo e a época dos doces;

Mas não pra que eu não tivesse medo,
Da visão que me apareceu de um leão.
Este pareceu vir contra mim,

Com cabeça erguida e com fome furiosa,
Para que parecesse que o ar tremia.
E uma loba, que de todas as luxúrias,

Ela parecia girar na sua magreza,
E muitos já viverão na pobreza,
Isto trouxe-me muita gravidade,

Com medo que lhe deixa a visão,
Que eu perdi a esperança de altura,
E o que é aquele que compra de bom grado,

E chegou o momento que o faz perder,
Todos seus axiomas choram e se roem,
Tal fez de mim pra besta sem paz

Que, beirar de mim, pouco a pouco,
Regressaria lá onde o sol é silencioso.
Enquanto eu arruinei num local baixo,

Antes dos meus olhos serem oferecidos,
Quem, durante muito tempo, pareceu tênue.
Quando o vi no grande deserto,

"Miserere di me", gritei-lhe eu,
"Seja o que for, tu és sombra ou certo homem!
Eu respondi: 'Non omo, omo già fui,

Meus familiares eram da Lombardia,
Mantuanos por pátria, ambos,
Nacqui sub Iulio, mesmo que fosse tarde,

E vivia em Roma sob o bom Augusto,
no tempo de deuses falsos e mentirosos,
Poeta era eu, e eu cantava disso,

Filho de Anchises que veio de Tróia,
Após do orgulhoso Ilión ser tostado,
Mas porque é que volta a este tédio,

porque não sobe a montanha encantadora,
que é o início e a causa de toda a alegria".
"Agora és tu que Virgílio e àquela fonte,

Quem é que fala tão largo um rio?",
Respondi-lhe com fronte vergonhosa.
"O dos outros poetas são honra e luz,

Mostra-me estudo longo e grande amor,
O que me fez buscar o teu volume,
Tu és o meu mestre e o meu autor,

Só vós sois aquele de quem eu soluço,
o belo stylus que me honrou,
Ver a besta para quem me dirigi:

Ajude-me com ela, famosa sábia,
Faz-me tremer as veias e os pulsos,
"É preciso fazer outra viagem,

Respondeu então que me viu chorar,
"se quer acampar neste lugar selvagem:
Por esta besta, por quem choras,

Não deixa outros passarem à sua frente,
Mas de tal modo que do que mata,
Tem uma natura tão perversa e justa,

Que nunca preencheu o anseio,
E após comida tem mais fome do que antes,
Muitos são os animais tal que ele é amigo,

Virá, que a fará morrer de luto,
Isto não nutrirá terra nem estanho,
Mas sabedoria, d´amor e virtude,

Pátrio será entre feltro e feltro,
Desta humilde Itália será a saúde,
Pela qual a virgem Cammilla morreu,

Eurialo e Turno e Niso di ferute.
Persegui-lo-á para fora da vila,
Até o ter posto de novo no inferno,

Ali de donde saiu do primeiro.
De onde pra o teu "eu" penso e discerni,
que me sigas, e eu serei o teu guia,

E atrai-lo daqui pra um lugar eterno,
Donde se ouve os gritos desesperados,
Verão os ancestrais espíritos tristes,

Que até à segunda morte chore cada um,
E verás àqueles que estão contentes,
Nas chamas, porque lhe esperam vir,

Quando é ao povo beato abençoado,
Para alma será mais digna de mim:
com ela deixar-vos-ei na minha partida;

Para esse imperador lá em cima reina,
E sendo porque fui rebelde à sua lei,
Não deseja que na sua urbe pra mim ele vá.

Em todas partes ele reina e cá ele reina;
Aqui é a sua cidade e da sede alta:
Ó feliz,  daquele que ali elege!'.

E eu a ele: "Poeta, peço-te, aparte,
Por esse Deus que não conhecia,
Para que eu evada deste mal e pior,

Que me leves onde dizes agora,
Pra que possa ver a porta de São Pedro,
E cor que tanto fazes comércio.

A seguir mudaram-se, eu, fui atrás.

Dante – Inferno - Canto I – Trad. Eric Ponty

 ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

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