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domingo, julho 13, 2025

Pierre Corneille - trad. Eric Ponty

Até o ponto em que a abcissa do local me reduz,
Permita que este galã preste minhas homenagens,
Como se tuas cores fossem imagens
Daquela que mais prezo em meu coração.

Adornem este belo seio, esta obra-prima do céu,
Essa vergonha de lírios, esse ímã de coragem,
Este belo seio onde a natura assentou tantas regalias
Que rouba o coração admirando os olhos.

Ele vai morrer de amor nessa garganta nua;
Já empalidece, teu vigor diminui,
E termina lânguida em feições desbotadas.

Ai de mim, quantos mortais o invejarão,
E gostariam de aprontar tuas vidas em languidez,
Se pudessem morrer tão bem arrumados!

Depois do olho de Melite, não há nada abissal;

Não há nada sólido depois de minha lealdade:
Meu fogo, como tua tez, é insigne,
E eu sou em amor o que ela é em encanto.

Qualquer nova que possa oferecer aos meus sentidos,
Meu coração é invulnerável a todas as tuas qualidades;
E embora ela tenha a mesma crueldade com a dela,
Minha fé em teus rigores não é menos duradoura.

Assim, é com razão que meu ardor extremo
Encontrará nesta bela uma extrema frieza,
E sem ser amado, eu ardo por Melite;

Porque os Deuses, enviando-nos ao dia,
Nos deram amor e mérito,
Ela tem todo o mérito, e eu tenho todo o amor.

Phaedra, se seu caçador tivesse tantos encantos

Como um pincel erudito dá ao teu rosto,
Tua paixão foi justa e merece lágrimas
Para ter pena do infortúnio que o leva à sepultura.

E se a ti aparecesse na época com tanta graça
Como nestes brilhantes versos que lhe devolvem o dia,
Estimem quem quiser sua gélida coragem,
Tua frieza foi um crime, não teu amor.

O que quer que tenha sido dito sobre a ira de Teseu,
Tua morte não foi o resultado de teu ressentimento,
Mas os deuses o puniram por desprezar-lho,
E fizeram que de tua morte um castigo justo.

Pierre Corneille -  trad. Eric Ponty

 

 ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA  

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