I
Áspero amar, mármore coroado de flores,
matagal entre tantas paixões eriçado,
trançada das dores, coroa espinhos da cólera,
por que caminhos tais dirigiste a Minh ‘alma?
Por que precipitaste à chama dolorosa,
afinal, entre as folhas viés minha passagem?
Quem te esboçou em imagens que até me chegaram?
és flor, que será pedra, és flâmula e morada?
O certo és que tremulou à noite pavorosa,
És manhã cheia todas copas com teu vinho
Sendo do sol colocou presença de agreste.
Contudo que tua cruel chamada me cercava
Até que lacerando os líquidos vitrais,
Abriu em meu coração uma passagem de flâmulas.
II
Recordarás àquela manhã tão caprichosa,
Onde os aromas palpitantes chegaram,
enquanto em quanto pássaro azul vestido
sóis água dos reflexos: traje desse inverno.
Recordarás os dons da terra azul marinho:
Irascível fragrância, mulher cio doiro,
ervas de matagal, loucos perfumes céu,
com sortilégios líquidos vitrais espadas.
Recordarás a rama que trouxe absinto,
Rama de sombra água tuas pernas silêncio,
Rama qual um líquido espuma de cristal.
Àquela vez foi chamas do nunca e sempre:
Vamos pra ali distância não aguardou nada
Ao falarmos de tudo que está aguardando.
III
Não te toque à noite nem ar nem aurora,
Só terra, a virtude das fêmeas em jacintos
As manhãs já cresceram olvido água rara,
Do barro e fez resinas de tua raiz fragrante.
Desde mina de doiro onde fizeram teus olhos,
Mesmo teus pés feitos flâmulas fronteira,
Sendo da greda escura te refiz conheço:
Em tua cintura toco outra vez todos seios.
Talvez ti não lhe conhecia tua fronte raízes,
Quando de antes de verte me olvidei da urbe,
Meu coração ficou recordando tua efígie.
Me fui passo um transeunte da lua pelas ruas,
Até que compreendi que lhe havia achado,
Sóis amor, meu território do beijo e versos.
IV
Suave junho alento. Sê junho és seminua,
Por dentre os céus de Maio suave engenho,
Por dentre os véus líquidos vitrais dos réus,
Almofada dos astros que se achega céus.
Até a lua cheia ostra de tão casto do mel,
Olvidado teu langor abaixa dos céus,
Fica deitada entre processos dos réus,
Do Leito de penugens dentre ricos véus.
Raiou espuma espessa luz tímida frágil,
por seu meio vitral transparente junho,
que dar-se-ia ver-lhe ao conhecer desse abril.
Carregado de distância lembrança azul,
Dos confrades de junho passando manhã,
Dos presságios dos fados dos anos nos passam.
ERIC PONTY
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