Caro Eric Ponty
Disse o nosso poeta que “poeta é um fingidor”. Ora cá está você para o provar.
Mentira que não pode vir; mentira que há um oceano que nos divide.
Você já cá está e o oceano nos uniu. (Provavelmente se cá estivesse não me daria um poema: apenas veria a exposição)
Juro que quando fiz este trabalho não estava a contar consigo. Foi muito estranho receber o seu poema. Até parece que ele fazia parte de tudo isto. (e fazia)
Bom, tomei a liberdade de o colocar junto dos outros que vão estar junto das fotografias. Serão todos impressos em películas soltas que estarão dispersas pela exposição. A ideia é sugerir ao público que encontre, com o poema solto, a sua imagem. Importante é que cada um se encontre (no poema e na imagem).
Creio que a poesia não se agradece, come-se.
Abraço transoceânico
Paulo Gaspar Ferreira
a decorrer no Centro Multimeios em Espinho no dia 10 de Março (sexta-feira) pelas 21.30 h.
Trata-se de um trabalho constituído por fotografias de pequenos fragmentos de algas do mar
que, juntas com poesia, acabaram por constituir esta exposição sobre a qual estou também a preparar
a publicação de um livro.
Acompanham as minhas imagens as poesias inéditas de
Nuno Júdice
Yao Jinming
Ana Hatherly
António Ramos Rosa
Casimiro de Brito
Paulo Teixeira
Luís Quintais
Albano Martins
Richard Burns
Ana Marques Gastão
Ban’ya Natsuishi
João Rui de Sousa
Fernando Guimarães
Fernando Echevarria
E. M. de Melo e Castro
Rosa Alice Branco
Maria Teresa Horta
Eric Ponty
Para além dos textos de Tiphaigne de La Roche e António Ramos Rosa.
“Toda arte, toda cultura aspira à universalidade e, por isso mesmo, realiza a superação do que é meramente particular, regional, nacional ou internacional. Essas categorias, de fato, ocultam a universalidade presente em toda experiência humana e que é função da arte revelar. Mas essa superação não se dá em abstrato, pela exclusão teórica desses fatores ou pela eleição de um deles como expressão do universal, e sim pela alquimia mesma da elaboração estética, cuja matéria é a própria vida – contraditória e inovadora.“
Ferreira Gullar – A vanguarda e seus limites [Conferência no II Congresso da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em outubro de 1982]
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