A PRIMEIRA MISTERIOSA APARIÇÃO DE BEATRIZ EM SONHO
l - SONETO
Toda alma e coração gentil, conquista ao amor,
Diante dos quais se podes dizer estar presente,
Tudo aquilo revelais tua presença em louvor,
Minha saudação teu Senhor, sendo és ao Amor.
Quase reduzidas à terça parte estas horas,
Brilham os astros repentinos surgir-te o Amor,
Cuja essência me recordar causa-me horror,
De lembrar as horas frias que a te lembram com honras.
Alegre parecias, Amor, tendo a mão, cerne, afago,
Nos braços sustentavas a Dona, a dormir nas gentes,
Envolto véu: depois despertar cerne ardente,
Amedrontada humildemente se nutria meu âmago,
Logo depois, eu o via ir-se chorando nas gentes,
Queria humildemente pascê-la em meus tão pobres.
DESILUSÕES, ÁSPERO GOVERNO DO AMOR
ll – SONETO
Vossas mãos, ó gentil Dona minha, dou cerne,
Morrer triste que o Amor contemplais piedade,
Quando se despede Amor louvar olhos idade,
Que no adeus são olhares meus vossos mui amada.
Tal maneira prendes vosso domínio qual valor,
Só poder dizer: Dona, tudo queres seja, assim,
Tal que tu o querias no amago teu, meu cerne amado,
Pavor de perder-te prezada, aos olhos puros dados.
Sei toda má ação vós desagradais, mas à morte,
Qual não há laurel mui mais amargo me vais cerne,
Qual uma triste oração cujo louvor ecoa à sorte.
Gentil Dona, enquanto tenho vida, morram laureis,
Da Minh ‘alma em vosso Amor pessoal, olhar vela
Paz, não vos desagradeis ser Dona aos olhos cruéis.
ERIC PONTY
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