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domingo, setembro 13, 2020

Francisca de Querência - Libreto Cordel -(Após leitura Canto I e V de Dante da Divina Comédia) - Eric Ponty - l ATO - 2020

 INFERNO - DANTE

PETER GREENAWAY

FRANCISCA DE QUERÊNCIA - LIBRETO CORDEL - l - ATO - COMPOSIÇÃO CONCEITUAL - ERIC PONTY

NARRADOR: FERNANDO CAMPOS MAIA

CANTADOR CEGO: AGOSTINHO JALES

ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO: GILMAR

(Cantador Cego, perdido numa selva escura, erra nela toda a noite. Saindo ao amanhecer, começa a subir por uma colina, quando lhe atravessam a passagem uma pantera, um leão e uma loba, que o repelem para a selva. Aparece-lhe então a imagem de Arthur Bispo do Rosário, que o reanima e se oferece a tirá-lo de lá em retorno a vida.)

O Cantador cego:
No meio do caminho em nossa vida,
descobri-me por uma selva escura,
da qual direita via era mim perdida,
bem como cantador perdeu na lide.

 Ah quantas e qual era e coisa dura,
qual da selva selvagem bruta e forte,
do qual pensar renovado do medo,
que da alma de tão parvo ermo degredo.

Tanto amara dum pouco cimo morte;
mas, por me versar de um bem qual cheguei,
diria duma outra coisa a qual percebi,
dos meus prantos tiveram desenganos.

Não sei bem retornar donde entrei,
tanto era cheia sono a qual topei,
da alma de cantador errante cego,
da verdadeira via que abandonei.

 Porém era-me pio soar colina,
ao final deste vale punha mundo
que me fartando pálido de medo,
ver pantera pavor punha-me ao fundo.

Reparando-me do alto eu vi meus ombros,
vestindo-se radiante algum planeta,
qual astro dum alheio ser da vereda,
então alma pouco medo que se aquieta.

Desta cor deste lago refletia,
noturno que passei em tanta piedade,
qual deste fato Lena preocupada
saído do furor pélago da costa.

Virar-me perigosa manta d´água,
quase o animo meu, ainda fugidio,
regresso olhar preencher-se deste passo,
da vida que não vivi da minha pessoa.

Após descansar corpo pouco frouxo,
revivi-me da via da praia deserta,
ao pé monte sempre era maior aquém,
de ecoar perto princípio da colina.

O leão ligeiro de uma cor escura,
da pele maculada era coberta
eu não movia em frente desta sombra,
que ele impedia mover-me do caminho.

Retornei-me voltar deste meu centro,
tempo que era do começo da manhã,
do sol que se ascendia qual duma estrela,
que era como da luz amor divino.

Movendo da primeva coisa bela,
de além esperar era da boa causa,
se daquele selvagem sépia pele,
instante tempo doce da estação.

Não que deste meu medo eu senti,
que de minha visão aterrei leão,
rivalidade fez contra meu rastro
fronte da alta e radiosa altivez.

Tremi estático do ar que encontrava,
ao ser que duma loba tudo ruge,
semblante me cercava da magreza,
muitas gentes pavor viver nos dói.

 Oferecem-se dar tanto labor
deste medo que porta sua vista,
perdi nesta esperança desta alteza
dos quais daqueles gostos se conseguem.

 Depositar-se donde o sol me cala,
instante me prendeu embaixo arredado,
de frente aos olhos foi-me do ofertado
que dum largo silente se fez fraco.

Arthur Bispo do Rosário:
Que quando deste vale amplo deserto,
Misericórdia em mim! Misericórdia!
Do qual teu ser, à sombra do ombro certo!
Em nada! Não sou homem, homem fui.

O Cantador cego:
Dos parentes meus foram de Querências,
dos matutos das terras ambas serras.
nasci à luz Julho fez de tão tardia,
que viver pátria sob o dom Augusto.

Neste tempo de torpes mentirosos.
cantador foi cantar junto de um justo
filho Japaratuba cá Engenho Dentro,
depois deste soberbo leão combusto.

Arthur Bispo do Rosário:
Mas tu por que retorna tanto tédio?
por que não sobe afável deste monte,
do princípio da causa tanto gozo?
E as mãos à barca estende com o fastio.

O Cantador cego:
Ora se é qual Bispo duma fonte
expandindo à voz largo deste rio?
Verto-me vergonhosa desta fronte
parvo percebe ser Arthur surgiu.

Começo toar aqui toada ilusão,
tocando deste verso imensidão.
Canto-lhes de Arthur Bispo do Rosário,
aparecer de mim na escuridão.

Salve Nossa Senhora do Rosário,
Salve-nos Nosso Senhor Jesus Cristo,
Arthur brotou vestido deste manto
de apresentação, santo à anunciação.

Meu coração ressoa-me do refrão,
não sei se mais me avisto do Leão,
de como vim do misto deste inferno,
tendo-me Arthur de guia desta canção.

Nonada moço, não é refrão ao nada,
sou homem justo não de purgatório,
fazendo minha toada do oratório,
Nonada moço, não é oração ao nada.

FIM DO PRIMEIRO ATO - COMPOSIÇÃO CONCEITUAL, LIBRETO: ERIC PONTY 

 

ERIC PONTY

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