Pesquisar este blog

sábado, julho 14, 2018

RECOLHIMENTO - CHARLES BAUDELAIRE - TRAD. ERIC PONTY


Sê cordata, ó minha Dor, e fica-te mais serena. 
Rezingavas a Tarde; eis que ela vem baixando: 
Sobre os cidadãos um véu de almas se tenciona, 
Alguns causando a desgosto, a paz a outros trazendo.

Enquanto das fatais desta afluência ignóbil, 
Sob o açoite do Delícia, verdugo horrendo, 
Contrições colhe à festança e ávida se punge, 
Dá-me, ó Aflição, mão; vem por aqui, cruzando.

Raspas. Vem ver arcarem se os Anos calhados 
Nas varandas do empíreo, em trajos antiquados; 
Brotar das águas Saudade acolhedora;

O Sol que numa arqueada estertora se aninha, 
Qual difuso sudário a arrojar no Oriente, 
Escuta, ô prezada, a doce Noite vianda.

CHARLES BAUDELAIRE
TRAD. ERIC PONTY

Nenhum comentário: