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sábado, junho 16, 2018

A PALMA - PAUL VALÈRY - TRAD. ERIC PONTY


À Jeannue.

Em tua graça tão temível
Vela à pena resplendor,
Um anjo sobre uma mesa
O pão suave, o leite plano;
Ele me faz da sobrancelha
O signo que d’uma prece
Que dizer à minha visão:
-Calma, calma, resta calma!
Conheceu peso d’uma Palma
Portanto sua profusão!
A tanto ela se dobrar
Á abundância de bens,
Tua figura está cumprir,
Teus frutos graves são laços.
Admirar quão ela vibra,
E quão uma lenta fibra
Que divide o momento,
Desaparta sem Mistério
Atirasse desta terra
E os pesos do firmamento!
Esta bela arbitra móvel
Entre sombra e o sol,
DE Simular d’uma sibila
Á sensatez e o sonho.
Ao redor d’um mesmo lugar
Ampla Palma nem se fustiga
Dos convocados nem do adeus…
É Que Dela está nobre,
É Que Dela está terna!
Que ela está digna de esperar
À solitária mão de deus!
Douro suave ela murmura
Tocar ao simples dedo de ar,
E d’uma sedosa armadura
Alterar alma do deserto.
Uma voz tão imperecível
Que ela faz ao vento areia
Que rega de seus grãos,
si-mesma engajar d’oráculo,
E se acariciar do milagre
Que se canta as tristezas.
No entanto que ela se ignora
Entre a areia e o céu,
Cada dia ainda é luminosa
Ainda composta um pouco mel
Tua doçura está dividida
Para a divina dureza
Que nem conta passar dias,
Mas bem que lhe dissimula
Em um néctar onde acumula
Todo o aroma dos amores.

Ás vezes se desespera,
Se de adorável rigor
Apesar lágrimas não operar
Que suas sombras de languidez,
N’acusa passar de ser avara
DUm Sangue que prepara
Tanto doiro d’autoridade:
Pela energia solene
DUma esperança eternal
Monta à sua maturidade!

Estes dias pintam vazios 
E perdidos a universos
Onde das raízes avidas
Trabalhando dos desertos.
À substância cabeluda
Pelas escuridões eleita
Nem acaso parar jamais
Até entranhas do mundo,
Se perseguiu água profunda
Que solicitam que cumprir.

Á Paciência, Á paciência,
À Paciência no azul!
Cada átomo de silêncio
À chance fruto maduro!
Será uma feliz surpresa:
DUma pomba, DUMA brisa,
Estremecer o mais suave,
Uma mulher que se apoia,
Vai tombar esta chuva Onde
Se comovendo os joelhos!

Que povo presente derrube,
Palma! …. Irresistivelmente!
No pó que ela se vibrar
Sobre os frutos do firmamento!
Tu não passarás perdida
Destas horas Si ligeira
Tu habitas Após belas renúncias;
Igual a ela que pensa
E de que alma se gastar 
Á se incrementar seus dons!

Paul valéry
Trad. eric ponty

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