IN MEMORIAN DE DOM PEDRO II
Formoso colmilho e formoso estômago,
Sendo isto que é somente te desejo!
Quando ao meu livro que tenhas provado,
Sem dúvida ti levarei bem junto comigo.
SOLITÁRIO
Já que então grasnaram às suas cornetas
E alentando se conduziram à cidade,
Logo se irá iniciar à nevasca,
Sendo feliz homem daquele quem tem pátria!
Agora tudo que esteja petrificado
E olhando notará atrás quanto tempo haverá de ter passado!
Por que hei sido considerado igual louco, pelo mundo.
Agora que deste inverno tanto nos abordou?
O mundo se pôs: tão mudo e já tão gélido
Sendo que estejam abertos aos mil desertos.
Quem enfim perdeu o que tu perdeste,
Em parte alguma há de se prender outra vez.
Agora que esteja tão pálido,
Execrado à uma viagem de inverno,
Ao humo semelhante,
Que sem cessar tendeu ao mais frios dos céus.
Regressando, ave, grasnar em tua canção
Em torno da ave desértica!
Abrigando, à loucura, no céu e no desprezo
Em teu sanguinário coração!
Já que então grasnaram às suas cornetas
Alentando se conduziram a esta cidade,
Logo se irá iniciar à sua nevasca.
Sendo infeliz daquele que necessita duma pátria!
ESFOLANDO À PLUMA
Ferindo à pluma à tentação!
Estarei eternamente condenado a esfolá-la?
Acontecendo que estou a me lançar ao tinteiro
E escrevo com estes espessos riachos de tinta.
Não há igual fluidez, que haja na plenitude, que mão!
Ainda bem que me sai, e, que bem isto estou a fazer!
Talvez em meu texto lhe falte tal clareza –
E que por fim? Afinal que irá ler o que eu escrevo.
FRIEDRICH NIETZSCHE
TRAD. ERIC PONTY
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