Pesquisar este blog

sexta-feira, fevereiro 16, 2018

A Tela do Almirante - Armando Tejada Gomez - TRAD. ERIC PONTY

Amanhece cedo a ele que não dormiu
A véspera, a antevéspera, aquele estrellerío
Do hemisfério norte imutável no céu.

Noite é como o dia: Uma interrogação
Ao absoluto. Adiante está mistério.
No estado fetal do universo.
O mundo limpo. O mar.
O demais é silêncio.

Sobre a mesa, mapas, constelações, notas,
Uma descomunal cartografia das costas ignotas
Roídas pela brisa dos marinhos cegos
Que não sabem onde pisarão, se pisaram
As Índias labirínticas, de extremos
Que não sabem nomear, que não superam,
Movidas perversas correntes dos mares,
Por canais de sombra,
Se é que acaso chegaram, si é que acaso moveram.
Agora está anotando cifras de frequência:
Farinhas, d´agua, sal, tasajo, batimentos,
Algum gado, de aves, baús, ferramentas,
Enfebrecido e só como um deus ao começo.

Cristóvão Colombo. Almirante de nada
Que não seja ao oceano.
Agora já à alvorada. Sírio, implacável e só,
O vendo empalidecer como dum olho do céu.

Aí vai rumo a seu Não. Dia é fantasma.
Não há haver apagado sua lâmpada.
Seguramente nunca voltará a escurecer.
Armando Tejada Gomez
TRAD. ERIC PONTY

Nenhum comentário: