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domingo, agosto 05, 2012

O Jovem homem e Morte - Rolan Petit e Jean Cocteau - Ballet Ópera de Paris


Morro estar em mim nascer,
tão cativa vida desamparo,
sofrendo por não fenecer.

Padeço muito além de mim,
depois sofrendo de amor
porque viver padecer sem labor
daquela me elegeu para si
quando ao coração fendi
quis escreve-lo versos de ti,
Morro estar em mim nascer.

Esta lúgubre ilusão do labor,
morrer quer sempre viver
faz de mim ainda mais cativo
ao ver-me prisioneiro vão
Morro estar em mim nascer.

Ai! Como essência é estranha,
dura aprovação do desterro,
este cárcere,  não vivo perece,
minha carne persigo entranha
amor tamanho talvez não criva,
mas aguardar de que à vida
Morro estar em mim nascer.

Ai! Tola é vida da passagem,
sem gozoso olhar da recaída,
porque se é doce amor ferida,
não há esperança trazida,
quita-me Zeus na foz amarga,
mais pesado  Lotus da partida
Morro estar em mim nascer.

Sozinho a confiança amansa,
pascer porque hei de padecer
me perpetuo à presença aliança
na vil tarde versejo a fenecer
Morro estar em mim nascer.

Saiba amor mais forte norte,
vida molesta não seja modesta
criva-me dor surgindo resta
ao perder-te ou ganhar-te
vem logo doce morte distraída,
pascer seja ave ligeira da sorte
Morro estar em mim nascer.

Aquela vida acima dos céus,
longínqua lua desguarnecida
durante à vida é mensageira,
fazendo a vida limbo da morte
é a sorte esta não me arquiva,
vivo padecendo primeiro alheio
Morro estar em mim nascer.

Ó lide tudo já dei à falecida,
viver em mim ausente à vida
se não é olvidar-te de mim de si
para melhor deslumbrar-te?
Quero pascer lide alcançar-te
pois o solo mais quero olvido
Morro estar em mim nascer.

Estando ausente de mim,
alma pode consolar-me?
Sinto pasce amanhecer
sendo maior dor já assiste
lágrima apega em mim existe
por ser febre inteiro ao fim
Morro estar em mim nascer.

A sombra dá margem que surge
algum alivio na alma insurge,
há quem pascer padece nascer
ao fim morte talvez se urge
lastimo todo viver sem pascer
Morro estar em mim nascer.

Quando principio acalmar
nascendo em ti morrendo
tange logo sofrimento sendo
não poder-te ser observar-te
todo penar pesa alma acalma
porque não ver-te fico inerte
redobra à minha dor no labor
espero esperando-te um flerte
Morro estar em mim nascer.

Oh livra-me de mim consorte,
dar-me cálice olvidá-la prece
não me tenha impedida tesce
pascer em mim laço da sorte,
viver sem ti não posso fazer
Morro estar em mim nascer.

Lastimando minha sorte já,
conclamo minha consorte,
enquanto preso lide à vida
minha passagem feneço lida
quando será minha despedida
quando eu ver-te não lhe sirvo
Morro estar em mim nascer.
Eric Ponty

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