Pesquisar este blog

domingo, setembro 23, 2018

Vista do horizonte - Eric Ponty


Por sobre os fantasmas, os rios orvalhados, 
As montanhas, as brenhas, as nuvens, os mares,
Para além do ígneo caos e do éter que há nos ares,
Para além dos por fins dos tetos fantasmais,


Nadas, meu coração, fibrar peregrino,
E, como um voador que nas águas engula,
Alegras festivamente a vastidão profunda
Com um lascivo e austero gozo masculino.

Vai mais, vai mais além do lodo repelente, 
Vai te purificação onde o ar se faz mais afável,
E solve, qual vigor transparente e divino,
Puro fogo que enche o sítio transparente.

Depois do tédio e das aflições das penas
Que registram com sua atração vida dorida,
Ditosa daquele a quem uma asa possante
Pode difundir várzeas claras e atenuas;
Eric Ponty 

quarta-feira, setembro 12, 2018

Sonata muda - eric ponty


Abrindo destas nuvens plenos vapores,
fechado nos flancos – deserto de cores,
Passeiam-se no teto afetiva razão;
São muitas suas aves, forçosos desvãos,
Tangíveis na terra, quais plenas das partes
retesam dos planos da imensa vastidões.
São aves, extensas, intensas de fúria,
Tão Meigas excitam, refazem finórias,
Tão leigas aprendem luz do esplendor:
dolosas empinam, domínio contentes!

Doido langor que toa no pico das crentes,
Pendão de rodízios, marmor do condor!
As sebes sozinhas, sem laços, com trilho,
As aves se alçando, abraçando-as ao frio.
Do intenso respiram de aragens das marcas:
Salsugem das serras das tíbias descendem,
Vultosas memórias inglórias lá fendem,
Ao puro herdeiro doído que se jaz ausente.
Domar pascer sebe desdobra-se dolente,
Doído conjuga a morada envolvente
Á Dolosa penhora, das nuvens gentis:
Os tenros montados domáveis afora
Das margens inglórias, que atestam embora,
À Dolência contorno da pomba feliz.

Destoa? – ninguém dobra: seu timbre tão longe,
À margem enfim tão: – de um pouso adiante
Se pretende por perto – repouso cinzel.

A Estátua da inércia pressente do plano
O Estático grito do surdo anteplano
Nestas curvas honestas do dobre gentil.
Atrasos da terra pariu do escrutínio
Nos chãos das estátuas de brusco domínio
Retesam do pleno, que obteve em lição;
Domínios das sebes do céu de esplendor,
Ciosas pertencem no plano do ardor,
Dos domos terrestres finórias função.
Acercam-se a pedra de casto marmóreo,
Do Dorido da forja passagem arbóreo
Ornada do nada com cenas tão grátis:
O justo, das sagas do crivo da serpente
transita marmor, reflui a sebe pressente,
Dormência dos dobres do bronze matriz.
Enquanto das estátuas com Letes vingança,
Inertes contritas da cândida das danças,
Do chão puro tecem furtivas no altar:
As pombas lhe cortaram, os dorsos que atingem,
Marmóreas das dívicias curvas ramagem,
Divina desta fonte tão límpido ar.
A Medusa das lápides marmo pendores,
Cercado de pedras — cobertos destas dores,
volteiam-se com os fardos altiva ilusão;
São muitos seus charmes, nos ânimos fortes,
Temíveis nesta terra, que em densos dos cortes

Espantam-se  nos corvos a imensa fusão. 
ERic ponty


domingo, setembro 09, 2018

A morte pode ser o sono - John Keats - Eric Ponty


A morte pode ser o sono, quando a vida
são apenas um sonho, E cenas de felicidade
passam como um fantasma pelos prazeres
transitórios como uma visão parece
E ainda assim achamos maior dor é morrer. 

Quão estranho é que o homem na terra andasse,
e levasse uma vida de aflição, mas não
abandonasse Seu caminho acidentado;
nem se atreveu a ver sozinho Sua futura
desgraça que é apenas certo despertar.
John Keats - Eric Ponty

epigrafe - ERiC Ponty


Pássaros da agonia ativem minha 
alma para minha morte.

IMPACTO - Manolis TRAD ERIC PONTY


E desde que a nova realidade estava sobre nós verdadeiramente nós

aceitei: nosso Deus estava morto. Enterrado ele ontem

na tarde sem canções, sem paus nem lamentações 

se nos sentimos muito mais leves. Nada era tão delicado quanto

o humor do dia sombrio enquanto eu diria medo 

estava escondido no fundo de nossos corações. A tristeza reinou no preto

escritório funerário enquanto apenas fora mendigos lagar

 esticado suas mãos pedindo o que não pudemos poupar, decência

da nova serpente que apareceu sem presas,

magnólia febril floresceu suas flores roxas sobre

nossa cama nupcial e em um eyrie nós enchemos nosso cálice

com coragem e nós mandamos para os quatro cantos

o universo e prometeu nunca mais ficar preso igualmente

na idiotice de um sistema.

O condor andino declaramos herdeiro da carne.

O vento e a chuva proclamamos nossa catarse.

Evole, oh, elementos livres, evoe.

"Multiplique e conquiste a terra"

alguém disse. E foi bom.

Manolis
TRAD ERIC PONTY

sexta-feira, setembro 07, 2018

William Carlos Williams, - Eric Ponty


          É acordar  o arqueiro 
          O cisne está voando!
          Ouro contra azul

               Uma flecha está mentindo.
          Há caçar no céu
          Durma seguro até amanhã.

                Os ursos estão no exterior!
           A águia está gritando!
            Ouro contra azul
            Seus olhos estão brilhando!
            Dormir!
            Durma seguro até amanhã.

               As irmãs mentem
                Com os braços entrelaçados;
                Ouro contra azul
                O cabelo deles está brilhando!
          A Serpente se contorce!
         Órion está ouvindo!

          Ouro contra azul
          Sua espada está cintilando!
          Dormir!
          Há caça no céu
             Durma seguro até amanhã
 William Carlos Williams,
Trad. ERIC PONTY

quarta-feira, agosto 08, 2018

Para à transmigração de Almas - ERIC PONTY


A metade da passagem triste vida
Já me encontrava em uma urbe escura,
Com a senda direita já perdida.

Ah, pois dizer qual era coisa dura,
esta urbe selvagem, áspera e forte
Que no pensar renova com o medo!

É tão amarga que algo já mais morte,
Mas por tratar do bem que ali achei
Direi de quanto ali me culpo na sorte.

Repetir não saberia como entrei,
Pois me vencia o sonho mesmo dia
Em que ti veraz caminho abandonei.

Mas atrás chegar ao centro que subia
Ali onde aquela torre terminava
Que com pavor a Minh´ alma confundia,

Se mirar cumpre, vi ali que estava
Então vestida dos raios do anátema
Que o bom caminho a todos assinava.

Quedasse à apreensão um pouco quieta
Que de meu coração dolorido
Em n´ilha durou à noite inquieta.

E como aquele com alento ardido,
Do pélago saído a sua margem,
mira a água que quase lhe há perdido,

Minh´ alma, fugitiva então era,
volveu-se a contemplar de novo passo
Que não atravessa nada sem que padeça.

ERIC PONTY

sábado, agosto 04, 2018

Réquiem a um corpo - ERIC PONTY

À Carlos Drummond de Andrade
Meu corpo não é meu corpo, corpóreo
Sendo ilusão de outro ser. À ilusão
Sabe a arte de esconder-me sobrancelha
É de tal modo sagaz qual na sombra
que a mim de mim ele oculta ela.

Meu corpo, não meu agente, que sente,
meu envelope selado, está errado
meu revólver de alumbrar-me eu,
tornou-se meu carcereiro, morteiro
Me sabe mais que me sei saberá.

Meu corpo apaga a lembrança acerca,
que eu tinha de minha mente. geme
Inocula-me seus fardos, nunca parados,
me atacando, fere e condenando,
Por crimes talvez subtraídos na vista.

O seu ardil mais diabólico da mente
está em fazer-se doente. De crente
Joga-me o real dos males tais
que ele tece a cada instante na gente
E me passa em revulsão. Convulsão.

Meu corpo inventou a dor fez rotina
Por enfim de torná-la interna neblina,
Integrante meu ego, faz se logo,
ofuscada à da luz parafina
que aí tentava espalhar-se plano algo.

Outras vezes se diverte para tanto,
Sem que eu saiba ou que me almeje,
E nesse prazer maligno, bendigo
que suas células impregnam à alma,
Do meu mutismo escarnecer canto.

Meu corpo ordena que eu saia de mim dentro
Em buscando do que não quero dize-lo,
E me negando, ao se afirmar como Eu
Como senhor da minha mente criva
Passo ser convertido em cão servil.

Este meu prazer mais refinado,
Não sou eu quem vai poucos senti-lo.
É ele, por mim, profanado, errado
e dá mastigados restos mandíbula
à minha fome absoluta. à fome resolvida.

Se tento dele afastar-me, de sua herança,
Por abstração ignorá-lo, desavença
Retornando a mim, com todo esse pesar
De sua carne diluída pelas nuvens súbito,
Seu tédio, seu desconforto. Seu dolo.

 Quero romper com meu corpo, tão eletivo
quero enfrentá-lo, acusá-lo, encéfalo
por abolir minha essência, já paterna
mas ele sequer me escuta tão terna
E segue pelo rumo oposto. Ao opróbrio.

Já premido por seu pulso ergue uso pulso
inquebrantável rigor, dá valor
não sou mais quem dantes era: tão moço
com volúpia dirigida, à musa mente
saio a bailar com meu corpo eternal.
ERiC PONTY

O ABUTRE - POR JORGE LUIZ BORGES


Segundo se sabe, Virgílio, ao ponto de falecer, encarregou aos seus amigos que reduzem as cinzas inconclusivo manuscrito da Eneida, no que se cifravam onze anos de nobre e delicado labor; Shakespeare não pensou jamais em reunir em um só volume nas muitas peças de sua obra;

Kafka encomendou a Max Brod que destruísse as novelas e às narrações que que iriam asseguravam sua fama. A afinidade de estes episódios ilustres és, si não me engano, ilusória.

Virgílio não podia ignorar que contava com a piedosa desobediência de seus amigos; Kafka com a de Brod. O caso de Shakespeare é distinto. De Quincey conjetura que a Shakespeare à publicidade consistia na representação e não na impressão; o cenário era importante a ele.

Por demais, o homem que realmente quer à sonegação de seus livros não encarrega essa tarefa a outro. Kafka e Virgílio no desejavam sua destruição; só alhearam desligar-se da responsabilidade que uma obra sempre nos impõe.

Virgílio, creio, obro por rações estéticas; houvera querido modificar tal qual à cadência o tal qual epíteto. Mais complexo é o, me parece, o caso de Kafka.

Caberia definir seu labor como uma parábola o uma série de parábolas, cujo tema é a relação moral do indivíduo com a divindade e com sua incompreensível universo. Apesar de seu ambiente contemporâneo, está menos cerca do que se há dado chamar literatura moderna que do Livro de Job.

Pressupõe una consciência religiosa e ante todo judia; sua imitação formal em outros contextos carece de sentido. Kafka percebia sua obra como um ato de fé e não queria que esta desalentara aos homens. Por tal ração encarregou a seu amigo na sua destruição.
JORGE LUIZ BORGES
TRAD. ERIC PONTY


SONETO DE W, SHAKESPARE -


Que foste era mesmo! Sendo fez ti.
Nos longos instantes te aguardaram,
Outra vez sinto fim confiaria cá,
Suave semblante a outro lugar surgir.

Deveria àquela graça ao aluguel,
Não tenhas por fim onde tu estavas,
Tu mesmo após à morte enfim teu,
Quão causa, forma doce devo sofrer.

Quem pode tanto casa cair residência,
Criação em honra poderia defender,
Contra as lufas temporais dia invernal.
Á Raiva estéril do frio eternal morte?

Ninguém, mas sem ater! Meu amor, tu sabes,
Tu tivesses um pai deixa que ele te fale.
TRAD. ERIC PONTY

segunda-feira, julho 23, 2018


35 E respondendo, Jesus dizia enquanto ensinava no templo: “Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi? 36 O próprio Davi afirmou, inspirado pelo espírito santo:

                                               Disse o Senhor ao meu Senhor:
                                               ‘Senta-te à minha direita,
                                               até que ponha os teus inimigos 
                                               debaixo dos teus pés’.

Evangelho segundo Marcos



"Nada supérfluo pode legitimamente pertencer a nós, enquanto outros passam necessidades."

Jean-Paul Marat

domingo, julho 22, 2018

O CAVALEIRO DE BRONZE -(PRÓLOGO) Aleksandr Serguieyevich Pushkin

PRÓLOGO



Nas costas das desertas ondas nas margens,
Que estão grandiosos desígnios tomados,
Se olhava ele, abismar-se fazia o distante.
Ante seus olhares se inchava o rio
Por ele que um pobre esquife viajava.
Haver aqui e ali choupanas miseráveis,
Abrigo despojados finlandeses,
Cobriam-se dos ribeiros pantanosos,
E bosques ignorados por os raios,
Dum sol sempre ocultar entre a neve,
Por onde quer ressoavam por estes lados.

E ELE então pensou consigo:

«Desde aqui infundirei pavor ao sueco,
E encherei os cimentos duma cidade,
Para irritar a esse vizinho altivo.
Aqui ordenara-nos Natureza
Que abriremos a Europa uma janela,
É firme pontal na costa dos mares,
Aonde por um mar para eles novo,
Chegaram barcos de todas as bandeiras,
Para tratos e festas a porfia.»

Um século transcorreu, e uma urbe nova,
Do Setentrião à glória e o assombro,
Se levantou soberba e suntuosa,
Do obscuro do bosque e a marisma.
Onde os pescadores finlandeses,
Da Natureza infaustos filhos da natura,
Desde o baixo e solitário oceano,
As ignotas águas arrolhavam
Suas decrépitas redes, hoje em dia,
Pelos ribeiros cheios de azáfama,
Esbeltos edifícios se vislumbram,
E algazarres e torres; desde todos
Os pontos das Terrestres, multidões
Dos navios se dirigem nessas molas.

Agora a Neve se veste de granito;
Cruzaram águas pontes incontáveis,
Se cobrem com as ilhotas de jardins,
Verde obscuro. E inclina à cabeça
Ante da jovem capital tão antiga
Moscou, como ante nova soberana,
Viúva real de púrpura vestida.

Te amo, criação de Pedro, amo teu aspecto
Severo ao num tempo cheio de acordo,
Na corrente do Neva majestoso
Dentre seus parapeitos de granito,
Ao arabesco de teus férreos bares,
Do transparente ocaso de tuas noites,
Cujo fulgor sem lua está me embeleza,
Quando estou em meu quarto escrevendo,
Relendo sem lâmpadas, e as pálidas.

Ruas adormecidas e vazias,
Na áurea agulha do almirantado,
Assim, sem deixar passo nas trevas,
Duma aurora a outra aurora lhe sucede
No doirado céu, até ao tal ponto
Que não durará à noite meia hora.
Amo teu cruel inverno, ao ar de calma,
Na gelada e ao correr das locomotivas,
Sobre a Neva largamente, e a bochecha,
Doncellil, mais purpúreas que a rosa,
À conversa ao brilho, o ruído dos bailes
E, agora das festas de solteiro,

Ao chocar destas copas espumosas
Chama azul dos eliminadores.
Adoro a belicosa animação,
Dos campos de Marte e seus desfiles,
Ao uniforme beleza artificiosa,
Massas dos infantes e cavaleiros,
Nas triunfantes fileiras ondulantes
Das gloriosas bandeiras em farrapos,
E ao esplendor dos bronzeados elmos,
Que na guerra são balas trespassaram.

Amo, cidade marcial, tiros canhões,
E da fumaça de tua Fortaleza,
Quando a Imperatriz do Setentrião,
Deu à luz um filho na casa dos Czares,
Quando celebrar Rússia uma vez mais,
Sua vitória campal sobre ao contrário,
Ou quando, atrás romper ao fim o céu,
Lhe arrastra ao Neva ao mar, e barruntando
Dias de primavera, se alvoroçava.

Resplandece por sempre, urbe de Pedro,
E permanece firme como Rússia!
Que ao líquido elemento derrotado
Também venha a rendição homenagem!
Que se esqueçam as ondas de Finlândia
De seu hostil cativeiro milenar,
E não perturbem com seu vão rancor,
Pedro O Grande o sonho sempiterno!

Sendo abissal aquele dia, e sua memória,
Estando recente em nós, todavia!
Os falarei ocorreu, amigos meus,
Sendo com à tristeza meu relato.



Aleksandr Serguieyevich Pushkin

sexta-feira, julho 20, 2018

O Fanfarro - Charles Baudelaire -

Enquanto a ela, que está cada dia mais gorda; se havendo convertido numa beleza grossa, limpa, lustrosa e astuta, tendo dito uma sorte de ser uma cortesã elegante. Um destes dias comungará próximo à Pascoa e entregará ao pão bendito em sua paróquia. Nessa época estará morto antes de haver concluído sua obra, Samuel este definitivamente «mesquinho embaixo da lousa de sua tumba», como costumava a disser em seus bons tempos, o Fanfarro, com seus ares de cânone, o que transtornará à cabeça de algum jovem herdeiro.

Contudo tanto, estudou a convidar aos meninos ao mundo; acabou de parir felizmente a dois gêmeos. Samuel haverá haver dado à luz quatro livros de ciência: um livro sobre os quatro evangelistas, outro sobre um tal simbolismo das cores, um de memória sobre um novo código de anúncios, e um quarto cujo título nem eu mesmo ousarei recordar. O mais espantoso deste último é que está cheio de eloquência, energia e indiscrições. Samuel teve o desplante de colocar-se duma epígrafe: Auri sacra fames! O Fanfarro quer que sua amante ingresse num Instituto, e está fazendo intriga pôr todo ministério à que lhe deem à cruz de Honra há qualquer custo.

Tão pobre cantor das Osíris! Tão Pobre Manuela de Monteverde! Que está numa tal baixaria que há de ter descaído! Me zelei ultimamente de que teria fundado um jornaleco socialista e que queria dedicar-se à política. Como ela pode ter uma inteligência desonesta! Como já haveria me alertado o honesto monsieur Nisard!




CHARLES BAUDELAIRE

O Mal Monge - Charle Baudelaire

Sobre teus altos muros, os claustros tão velhos,
Expunham em teus quadros à desta santa Verdade,
Em cuja impressão, encadeava às piedosas entranhas,
E já tremendo frio em tua vera austeridade.

Naquele tempo, quando crescia vulto do Cristo,
Mais dum ilustre monge, hoje já pouco citado,
Tomando por talher deste campo funerário,
Glorificavam à Morte com naturalidade.

—Minh ´alma é esta tumba que eu, mal cenobita,
 Desde à eternidade habito em que recorro;
 Nada embelece os muros deste claustro odioso.

Ô monge folgadão! Porque arranjarei inventar,
E com que vivo vista de minha triste miséria,
À obra de minhas mãos e amor de meus olhos?



Charles Baudelaire