à M. Alexandre Soumet
Mourir sans vider mon carquois !
Sans percer, sans fouler, sans pétrir dans leur fange
Ces bourreaux barbouilleurs de lois !
ANDRÉ CHÉNIER, Iambes.
Para sondar tuas profundezas.
Ele se prepara para o sacrifício;
Ele sabe que a felicidade do vício
Pelo inocente é expiada;
Um profeta em teu dia de morte,
A prisão é teu santuário,
E o cadafalso é teu tripé!
"Por que Vós não nasceu nas praias
De Abbas e Cosroës,
Sob os raios de um céu sem nuvens,
Entre murtas e aloés!
Lá, surdo aos males que Vós deplorais,
O poeta vê teu amanhecer
Erguer-se sem problemas e sem lágrimas;
E a coluna, querida pelos sábios,
Leva doces mensagens às virgens
Onde o amor fala com flores! "
Que outro prefira o martírio celestial
Prefira um descanso sem honra!
A glória é o objetivo a que aspiro;
Não se chega lá por meio da felicidade.
O alcíone, quando o oceano ruge abissal,
Teme que os ventos perturbem a onda
Onde teu doce sono é embalado ronda;
Mas pra a águia, filho das tempestades,
É somente por meio das nuvens
Que ele voa em direção ao sol!"
O vento sopra longe do campo
A bolota que caiu dos ramos verdes;
Carvalho, batendo nas montanhas;
Esquif, ele batendo nos azuis mares.
Jovem, o destino está nos premendo!
Não faça, em tua loucura embriagada,
Os males do mundo em teus infortúnios;
Vamos nos manter, culpados e vítimas,
Nosso remorso por nossos próprios crimes,
Nossas lágrimas por nossas próprias tristezas! "
Minhas canções são imprudentes?
Devo eu, nestes dias de medo,
Ficar surdo aos gritos de teus irmãos!
Sofrer apenas por si mesmo?
Não, o poeta na terra
Consola, exílio voluntário,
Os tristes humanos em teus grilhões;
Entre povos delirantes,
Ele se eleva, armado com tua lira,
Como Orfeu no submundo!
"Orfeu pra as penas eternas
Veio por um era pra arrebatar os mortos;
Vós, sobre as cabeças criminosas,
Canta o hino do remorso.
Tolo, que orgulho o conduz?
Que direito Vós tem de entrares na arena
Para julgar sem ter lutado?
O censor escapou da infância,
Deixe tua inocência envelhecer
Antes de crer em tua virtude! "
Quando o crime, pérfida pitonisa,
Enfrenta, impune, o freio das leis,
A Musa se torna as Eumênides,
Apolo pega tua aljava!
Eu me rendo ao Deus que me acalma;
Não estou ciente dos males
Que infortúnios fados quer me trazer;
Sigo minha estrela sem orgulho;
A tempestade rasga a vela:
A vela salva o nocher.
"Os homens estão indo pra o abismo!
Tuas canções não os salvarão.
Com eles, longe dos céus adeptos,
Por que Vós se desvia?
Pode vós, em tua juventude,
Sem quebrar outros destinos,
Quebrar a corrente de teus dias?
Poupe tua vida fugaz;
Jovem, Vós não tem mãe?
Poeta, Vós não tem amores? "
Bem! às minhas chamas terrenas,
Se eu morrer, os céus se abrirão.
O amor casto engrandece as almas,
E quem sabe amar sabe morrer.
O poeta, em tempos de crime,
Fiel aos justos que são oprimidos,
Celebra e imita os heróis;
Ele tem, cioso de teu martírio,
Uma lira pra as vítimas,
Uma cabeça pra os carrascos!
"Dizem que era uma vez o poeta,
Cantando sobre dias ainda distantes,
Sabia maneiras revelar à terra inquieta
Revelar teu destino futuro tão vindouro!
Mas o que Vós podeis fazer pelo mundo?
Vós compartilhar tua noite profunda;
O céu está encoberto e quer punir;
As liras não têm mais um profeta,
E a Musa, cega e muda destinos,
Não sabe nada do futuro! "
O mortal que até um Deus anima
Marcha pra o futuro, cheio de ardor;
É correndo segue para o abismo!
VICTOR HUGO - - Trad. Eric Ponty
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