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sexta-feira, março 16, 2018

VISÔES DE SANTO ANTÔNIO - ERiC PONTY

I

Em matagais, confusos, cortei galho bruma,
No traçado, sedentos, ergui-me em murmúrio:
Era quiçá à voz dilúvio chorou à ramagem,
Uma úvula rubra ou uma essência rasgada.

Sendo algo desde tão distante me carece,
Asilado de grave dor, coberta de hera,
Um grito ensurdecido de imensos sois,
Pelo entreaberto e úmido trovejar sinais.

E, porém, ali, acordar-me das ilusões brenha,
Dum galho de avelã atraiu embaixo meu logro,
Em sua errabunda cor pintar por meu critério.

Como se me buscassem momento às estirpes,
Que me abdiquei, fonte confusas das sombras,
Me segurei lesado pelo bálsamo errante.

II

Pensei uma era feliz Mirtos das coisas,
E ternos acalantos febris ardores,
Doces beiços, expressões enganos,
São cantos qual notas tenebrosas.

Preenchidas macambúzia emoção,
Dissiparam — Senhor! — Daqueles sonhos,
E a efígie triunfal, olhares risonhos,
Que neles sempre, como regi, olha:

Só estiveram —recordações distantes! —
Das minhas visões encerrei e fundi.
Vós ô minhas órfãs já tão antigas!

Quais daquelas sonhadas ilusões,
Dissipando também, Sombras vontade;
E dás que tanto amei, meigas visões.
ERIC PONTY

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