Pesquisar este blog

segunda-feira, fevereiro 12, 2018

ZONA – Guillaume Apollinaire – TRAD. ERIC PONTY

Absolutamente estás cansado deste mundo antigo
Pastora Ô torre Eiffel do rebanho das pontes de bala desta manhã
Está exausto de viver na antiguidade Greco romana
Daqui até os carros parecem velhos
Só a religião segue sendo completamente atual somente a religião
Vai indo sentida com seus hangares de Porta-Avião
Somente tu não foste velho na Europa ô Cristianismo
O europeu mais moderno de todos que você Papa Pio X
E tu há quem as janelas observam a vingança te previne
De entrar em uma igreja e confessar-te esta manhã
Lendo os prospectos dos catálogos os carteis que ti cantaram há pleno pulmão
Neles se encontrava a poesia desta manhã na prosa que ficou nos jornais
Nos jornais a 25 centímetros repletos de aventuras policiadas
São os retratos de grandes homens e de mil títulos distintos
Esta manhã vi numa rua preciosa cujo nome não me lembro
Uma rua nova limpa era como o clarim do sol
Os diretores os trabalhadores e as formosas taquigrafia
Das luzes ao sábado que ti apelam quatro vezes ao dia
Pela manhã se escutam gemer na sirene três vezes
Duma campainha escandalosa alertava-nos ao meio dia
As letras dos anúncios que estão pintados em murais
Nas placas de advertências que cintilam iguais aos louros
Me maravilham que tua graça tem esse caminho industrial
De Paris entre a de Aumont-Thiéville e a avenida des temes
Admira é uma rua jovem e tu não passes dum menino
Sua mãe não te olhou mais que do azul e do branco
Sendo tão devoto como teu velho amigo René Dalize
E nada os satisfaz tanto como as pompas da Igreja
Já são as nove luzes de gás decresce toda azul
Saís do aposento comum das ocultas
Rezais durante toda noite na capela do colégio
Contudo eterna e de adorável profundidade ametista
Roda sem fim na flamante glória de Cristo
Sendo a formosa Açucena que todos nós cultivamos
Tu és tocha perigosa que o vento não lhe mitiga
Sendo o filho pálido e turquesa da Mater dolorosa
Sendo árvore sempre frondosa de todas as reverências da fé
Sendo a nobre forca da honra e da eternidade
Sendo como uma estrela de seis pontas
Sendo o Deus que morre aos vermes e ressuscita no domingo
Sendo o Cristo que subiu ao céu qual do melhor dos aviadores
E detinha o Record mundial de altura
Pupila de Cristo da visão
Vigésima pupila dos séculos se as agarra bem
E se transforma em pássaro este século ascende como Jesus
Os diabos nos abismos alçam a cabeça a contemplar-lhe,
Dizem que tu que imitas a Simão o Mago da Judeia
Gritam que si ao saber voar deveria coze-las no voo
Os anjos volteiam no gracioso voador
Ìcaro Enoque Elias Apolônio de Tiana
Flutuam ao redor do primeiro avião
As vezes se afastam ao deixar-vos em tua marcha
Daqueles hão quem se transporta a Santa Eucaristia.

Esses sacerdotes ascendem eternamente alçando a hóstia.

Por fim o avião aterrissa sem encostar as asas
Do céu se alivia então de milhões de pombas
Ao todo voo chegando com corvos os algozes dos falcões
D` África nos vem os íbis os flamencos das tuas plumas
O pássaro Roch celebrado pelos contistas e os poetas
Planteiam levando em suas garras da primeira cabeça crânio de Adão
Sendo à águia que se cerne desde o horizonte lançando um grande berro
E da América vem o pequeno colibri
Da China hei chegado os pihis largos de ágeis dóceis
Que só tem uma asa e por isso voam em conjunto
Logo aparece a pomba em espirito imaculado
Escoltada pela ave lira e o pavão alado
E fénix essa fogueira que se produz a si mesma
Por um instante cuida todo com sua ardente cinza
As sirenes que hão descuidado os perigosos estreitos
Chegam cantando as três com a voz gentil
E todas águias de fénix e pilhes da China
Se fraternizam com a máquina voadora.

Agora que caminhas por Paris completo só entre os gentios
Rebanhos de caminhões mugem e passam ao teu lado
Na angústia do amor te abusas da garganta
Como si nunca jamais mais deverias ser amado
Si vivesses na época antiga te farias monge
Sempre senti há vingança quando os surpreendeis rezando
Te enganas há ti e ao teu riso crepita como o fogo do Inferno
As chispas de teus risos doiram ao fundo de tua vida
É como um quadro pregado em um museu sombrio
E as vezes vais admirá-la em volta

Hoje caminham por Paris as mulheres que vão sangrentas
Ocorrias e quis não a lembras ocorrias do declive do encanto

Envolta chamas fervorosas Nossa Senhora me há olhado em Chartres
Do sangue de vosso Sagrado Coração me há sendo negado em Montmartre
Me pões enfermo ao escutar as bem-aventuras
No amor que padeço é duma enfermidade vergonhosa.

Agora olhar-te nas orelhas do Mediterrâneo
Debaixo os limoeiros continuamente floridos
Passeiam na barca com teus amigos
Um é de Niza de outro de Mentor e dois da Turba
Todos ti observamos temerosos os polvos abissais
E dentre as algas nadam os pés das imagens do Salvador.







Estás em meio ao jardim dum boteco ao redor de Praga
Tu ti sentes completamente feliz há uma rosa sobre a mesa
E tu observas na vez de escrever teu conto falido

A ctônia que adormece no coração da rosa
Com horror te viste retratado nas Ágata de São Vitor.

Daquele dia estavas tão triste não mais poder
Te pareces à Lázaro enlouquecido pela tua luz.


As pontas do relógio do bairro judeu vão em sentido contrário
Como ti que retornas lentamente em tua vida
Subindo ao Hradschin ouvindo à noite
Ao cantar nas tabernas canções secas.


E também na Marselha cingido de flores amarelas

E também de koblenz  no hotel do Gigante

E também na Roma sentado embaixo dum vespeiro japonês
E também em Amsterdam com uma mulher que te pareceu formosa sendo feia
Tem que casar-se com um estudante de Leiden

Onde enganam habitações não em latim de locanda
A recordação de bem que ali se passou três dias e outros tantos em gudang

Estando em Paris no testamento de tua instrução
Debaixo do depósito penitenciário igual dum criminoso.

 Havendo feito viagens penosas e alegres
Antes de advertir da mentira e da idade

O amor te há feito sofrer aos vinte aos trinta.

Hei existido como um louco hei perdido no meu tempo
Já nem si quer te através ao olhar-te as mãos.

E sendo que a cada momento quis soluçar
Por ti por que ti amo por todo que hei te espantado
Admira com lágrimas nos olhos a esses pobres emigrantes.

Creem em deu rezando as mulheres nutrem os meninos
Seu odor exala o vestíbulo da estação de Saint-Lazare
Confiando em sua estrela como os Reis Magos.

Esperam regressar regressados da Argentina.



Regressar ao teu país é duma grande fortuna

Uma família se aquece num edredom rubro como vosso coração.

Esse edredom foi composto por nossos sonhos sendo também irreais

Alguns dos emigrantes permanecem aqui e o habitam
Tugúrios na rua des Rosiers em que a rua des Ecouffes



Ao menino lhes hei visto noite sair para tornasse fresco
E raramente se movem como as peças dum xadrez

A maioria são judeus suas mulheres vestidas de perucas
Se tornam sentadas enxagues nestes teus aposentos.

Estás de pé ante a barra dum bar do mal da morte
Tomando um café barato entre os desgraçados

Da noite te vais num grande restaurante
Essas mulheres não são malévolas sensivelmente tem seus problemas

Todas até a mais horrorosa hão de haver feito sofrer ao teu amante.


É sendo filha dum guarda municipal de Jersey
Suas mãos que há um não haviam visto são as que mais permanecem estão juntas

 Me dão muitíssima lástima as ligações de seu ventre

Agora humilho dum pobre pontinho de teu riso horrível minha boca

Estás só mui sadio e amanhecerá.

Nas ruas se escutaste o tinir das leiterias.

A noite se alheia como duma formosa mestiça

É Ferdine a falsa ou Léa a benévola

 E ao beber desse álcool abrasador como foi tua vida
Tua vida que bebeste como um copo de aguardente.

Caminhas até Auteuil sendo quer ir andando em tua casa
Adormecer entre teus fetiches da Oceania da Guiné
Sâo estes Cristos de forma marcada e distintos de crença.

São como de Cristos inferiores destas escuras esperanças.

Guillaume Apollinaire
TRAD. ERIC PONTY

Nenhum comentário: