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sexta-feira, fevereiro 16, 2018

CHARLES BAUDELAIRE - SONETOS - TRAD. ERIC PONTY

Correspondência 

Natureza é um templo onde viventes pilares
Deixam às vezes sair de confusas palavras,
Homem passa defeitos das florestas símbolos
Que se observou com teus olhares familiares.

Como longos ecos de longe se confundem
E uma tenebrosa e uma profunda unidade,
Vasta como à noite e como claridade
Os perfumes, as cores e sons correspondem.

Estão em perfumes frescos como claras crianças,
Doce como oboés verdes como pradarias -
E de outros que se corrompem ricos triunfos.

Possuem à expansão das coisas infinitas,
Como âmbar, almíscar, beijoim, incensos,
Que cantam transportes da alma dos sentidos.

Albatroz

Às Vezes a distrair os homens equipagem,
Prendem do albatroz vastos pássaros mares,
Que segue indolente companheiro de viagem
Um navio escorregadio sobre abismos amargos.

Á pena ele tem deposita sobre às tábuas,
Que estes reis do azul sem jeito vergonhoso
Deixando lamentável tuas grandes asas brancas
Como remo puxado nas tuas costelas.

Passageiro alado como ele está sem jeito débil
Ele há pouco era belo está cômico e feio
E um irritado bico com uma torrada goela
Outro mimo coxear revogar teu voo.

 Poeta é semelhante príncipe das nuvens,
Que se assombra tempestade e se ri arqueiro,
Acha-se exilado sobre chão meio toque 
Tuas asas de gigantes impedem de andar.



Elevação

Em cima dos charcos, em cima dos vales,
Das montanhas, dos bosques das nuvens, dos mares,
Por além o sol, por além por estas etéreas  
Por além dos confins das esferas das estrelas.

Meu espírito tu moves por agilidade,
Como um bom nadador se pasmar nas ondas
Tu sulcas alegremente imensidão profunda
Com há duma indizível e de má volúpia.

Esvoaçam longa distância de miasmas mórbidos
Vão te purificar neste ar superior bosques
Como dum puro e divino licor de fogo
É claro enchendo deste espaços límpidos. 

Atrás deste tédio e destas vastas mágoas
Que carregam teu peso existência brumosa
Alegre este pode de uma asa vigorosa
Caem ao versar campos luminosos serenos.

Este onde pensa como as cotovias
Versam céus manhãs pegado livre passagem 
Plana sobre a vida e compreende sem esforço
A linguagem das flores e destas coisas surdas.

Beleza

Eu sou bela ô mortais! Como um sonho duma pedra,
Meu seio donde cada está a magoar volta em volta
E fez para inspirar poeta um amor Eternal 
Na mudez que assim que à matéria se fez verbo.

Me sento no azul como esfinge incompreendida,
Eu uno-me coração negro na alvura dos cisnes,
Eu odeio movimento que desloca das linhas
E jamais eu nem choro e jamais eu nem sorrio.

Poetas em frente minhas grandes atitudes,
Que empresto aos mais vaidosos monumentos,
Calcinar teus dias em austeros estudos.

Tenho para fascinar estes dóceis amantes,
Puros espelhos fazer todas coisas mais belas
Meus olhos, largos olhos claros eternos.

Ideal

Nós nem seremos nunca estes belos vigores,
Produtos avariam nado século vadio,
Estes pés borzeguim os dedos castanholas
Que sabem satisfazer um coração como meu.

Eu deixo Gavarni, poeta destas cloroses,
Teus rebanhos chilreiam belos hospitais,
Pois que eu nem encontro dentre pálidas rosas
Uma flor se assemelha ao meu rubro ideal.

Esta que faz do coração dum profundo abismo,
Estais vós Lady Macbeth alma intenso dum crime,
Sonho Esquilo florindo ao clima destes suões.

Ou tu grande ô noite, filha de Miguel Ângelo,
Retorcerem pacíficos em um pôr bizarro
Os teus dons que formaram bocas dos titãs!

A gigante

Do tempo que a natura em tua verve influente,
Compreendendo cada dia crianças monstruosas,
Gostaria eu amado viver à beira jovem gigante,
Como aos pés duma rainha um gato voluptuoso.

Gostaria amado olhar teu corpo florir com tua alma,
E crescer livremente em teus terríveis jogos,
Prever se teu coração trama uma sombra flama,
Aos humildes nevoeiros que nadam em teus olhos.

Percorrer no descanso tuas magnificas formas,
Rastejar sobre vertente teus joelhos enormes,
E às vezes verão quando dos sois são vós doentios.

Cansar fazer estender defeito no campo,
Dormir despreocupado à sombra de teus seios,
Como lugar tranquilo aos pés de uma montanha.

Perfume exótico

Quando dois olhos firmes tarde calor outono,
Eu respiro o odor do teu seio caloroso,
Eu há vós estendeis a tua margem alegre,
Que te ofuscam o fogo dum sol tão monótono.

Uma ilha preguiçosa onde à natura é dada,
De árvores singulares de frutos saborosos,
De homens de onde os corpos elegantes vigores,
Mulheres de onde olho a tua franqueza admirada. 

Guiado por teu odor levo encantador clima,
Eu vós num porto cheios véus de xadrez,
E tudo é fatigado por uma vaga marinha.

E durante perfumes verdes tamarinheiros,
Que se circulam no ar e enchem as narinas,
Se misturam em minha alma aos cantos marinheiros.
CHARLES BAUDELAIRE
TRAD. ERIC PONTY

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