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domingo, janeiro 21, 2018

Memória – Arthur Rimbaud - Trad. Eric Ponty

I
Clara água como o sal de prantos da infância,
Assalto ao sol brancura dos corpos das fêmeas,
A seda pisada e lírio puro das auriflamas
Sobre muro onde alguma donzela defende.

A Luta dos anjos – Não corrente ouro em marcha,
O braço negro mover, denso, fresca erva. Ela 
Esvaece de antes céu azul ao céu lê chamando
A engelhar sombra desta colina e desta arca.

II

Ah! Húmido do vitral tende caldo do límpido!
Move ouro água do livor sem funda classe presta
Vestidos de verdes debotados meninas
Faz salobro onde salta bípede sem rédeas.

Mais puro que Luiz lume amarelo pálpebra
Vigiar água — tua fé da nupcial, ô esposa! —
Meio dia em ponto terno espelho de inveja
Ao céu cinza calor globo rosa comida.

III

Madame se tens muito em pé em pradaria,
Onde nevar o fio junto lida sombrinha
Dedos premente umbela mui vaidosa ela
As crianças que lhes traduz verdura florescem.

Ler livro marroquim rubro! Hélas ele como,
Mil anjos brancos que se separam sob via
Desvio distante serra! Ela permanecer toda
Fria e negra curta! Após partida do homem!

IV

Saudade do braço grosso e jovem erva pura!
Ouro lunar de abril do santo leito! De júbilo
Obras dum morador abandonado às pressas
Tardinha longe faz rebentar podridão!

Que ela presente abaixo da muralha! Hálito
Do álamo alto é ser para única da brisa
Pois este lençol sem imagem fonte gris
O Velho dragador em barca inerte pena!

V

Brinquedo esse olho água morna não se unir possa
Ô barca inerte! Oh! Braço mui curto! Nem uma
Nem outra flor: nem esse amarelo me importuna
Lá nem azul amigo água colorir cinza

Ah! Salgueiros em pó que um alado sacode!
Rosas do roseiral muito tempo se devora
Meu bote sempre fixo corrente esticado
Ao fundo esse olho água sem margem — que lama!

TRAD.ERIC PONTY

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