Desejamos ver que mais belo abunde,
Para que esta beleza em flor não morra
Pois até o fruto pródigo se sucumbe
E é justo que um retorno se suceda.
Porém em ti mandam seus gentis olhos
E ao ser tu és alimento que de teu chama
Semeadura da fome ali há tudo
E eras tua própria presa maltratada.
Tu que hoje adornas com encanto o mundo
E anuncias sem igual a primavera
Tão mesquinha ao vigor de teu casulo.
E ao não gastar esbanja tuas reservas,
Apiedes, não deixes teu glutão seja
Se parta ao pão do mundo com tumba veja.
Soneto II
Quando um assedio de quarenta invernos,
Se brota ao belo prado destas trincheiras
Teu traje que agora é ostentando e novo
Serás farrapo que já não nos interessa.
E quando te perguntarem onde jazes,
Ao esplendor destes teus frondosos anos
Não diga em teus olhos espectrais
Pois sonhará o artifício e insolência.
Darás mais digno empenho a tua postura
Se pode contestar: Este filho meu
Redime minha velhice quadra a soma
Meu patrimônio está no seu perecido,
Chegada a velhice, tua jovem vida
Acalentará teu sangue esfria lida.
Soneto III
Comtemplaste ao espelho e ao do teu rosto,
Que este já se reproduza sem demora
Se não renovas tua frescura em outro
Ao mundo e uma mãe na insipidez.
Pois que donzela fará tão altaneira,
Para vedar seu horto a tua semente,
E quem tão vaidosa prefinirá
Privarmos de tua beleza com tua morte?
Tu eras a efígie mais viva de sua mãe,
E ela vê em ti o frescor de seus abris,
Também em teu inverno poderá olhar-te.
E ver a idade de ouro que agora vives,
Mas se preferes que não te lembrem
Não unas tua efígie contigo morrem.
Soneto IV
Encanto tão arruinado por quê gastas
Tua heresia de gentileza só em ti?
Natureza não deleita tão só nada:
Somente afina há quem lhe dá um fim.
Por que então belo egoísta por quê abusas
De sua largueza com que ti há munido?
Efêmero usuário por quê apuras
Tamanha soma e não lhe há descanso.
Si tu és o único cliente de tua pessoa,
Acabarás terminando seu encanto
Assim quando fim chegares a tua hora.
Quais reservas farás guardar tua soma?
Sem uso, tua graça coisa mortal
Usada, se transpõe algoz fatal.
Eric Ponty
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