I
– O axioma
Do
mármore e memória.
Do
silêncio e da sombra.
Do
não haver e da pedra.
Do
inteligível terna.
II – matéria e esboço
É
toda obra demanda inícios,
Meio
mesmo do fim. Axioma.
Do
mármore nasce da sombra
Da
sensível ao silenciar-se
Da
pedra na sua forma bruta.
Pode
à pedra dizer-nos sobre
Esta
ausência forma nos faz
Tangível
dentro da fala árdua?
Pode
a pedra dizer-nos sobre
Criada
representação? Seu saber
Ocupação
do espaço histórico.
Pode
a pedra nos dizer sobre
Súbita
falta? Corrosão? Erosão?
Desterro?
Dor e arqueologia?
III – matéria e a construção
Toda
obra nasce muitos talhes,
Bastando-se
contra foz mármore
A
perpetuasse na dor sê-lo
Ao
arrastar-se enquanto verdade.
Esta
obra nasce muitos talhes,
Toda
estética nutre mui ecos
Não
estavam ali agora há pouco,
Gesto
e mármore: movimento.
Toda
obra nasce muitos talhes,
Própria
ausência do preencher-se
Da
interminável conjectura pueril
Saber
palpável pele ser ao conceber.
Toda
obra nasce muitos talhes,
Saber
da identidade espaço
se
houveram divisas silêncio
do
ato gesto súbito do ar.
IV – o mundo inteligível
Ausência
ser obra feria
À
consciência e da sombra
-
Ruptura
Capaz
partir do inteligível
Ser
própria essência desta obra
Primogênita
eterna infância
Era
breve nascer, romper abrolhar
O
mundo inteligível. Fazer-se
Presente
do mundo sensível.
V – o
mundo sensível
Uma
obra não nasce à toa
Ao
bel prazer do artesão
Ser
corrompida vaidade.
Uma
obra não nasce à toa
Ao
bel prazer do artesão
Envolve-nos
em seus fios
A
primeira não lhe veja,
É
para não lhe aperceba
De
que não se tire nada
Nem
mero cuspe do franco.
São
noites, dias de vazio
Baques
sem gozo perdão
Donde
morte olha na porta
Toca
suave melodia na horta.
Uma
obra não nasce à toa
Ao
bel prazer do artesão.
VI – a
confecção da matéria
Não
nasce à toa o detalhe.
A
consciência, o ser pedra.
A
consciência de silêncio.
De
habitar a sombra frágil,
saber-se
minério da fala.
Do
não se saber ainda obra,
Desconhece-se
o axioma.
A
consciência se a edifica
Dando
acaricia tez sem sombra.
Já
não nasceu à toa do detalhe,
São
matérias se configurou
É
carpir grito arremete-se
Ao
tempo
À
construção desse silêncio.
VII –
limite da aspiração
O
artesão apenas propõe
Para
deixa-la dela ser
Conjectura
nata rija,
Fazendo
presença una.
O
artesão apenas propõe
Do
esboço que se floresça
De
que são seus golpes no ar
Da
obra ainda de que em sonho.
O
artesão apenas propõe
Daquilo
visto na noite
Dos
anjos e dos demônios
Lhes
sussurram-lhes altivos.
VIII – Translação da memória
Eu
trasladei a repercussão
Nos
Matozinhos assentar
Revolta
Tijuco admirar-se
Em
Santa Cruz silenciar bairro
Seu
dos Montes sussurrar casas
Da
Colônia ser contrafeito
Altares
igrejas marmóreas
É
dos artesões das lojinhas
Feiras
da aparência imperava
À
marmórea consciência pedra.
Brancura
horizontes
Nasciam
ali novos
Eu
que trasladava
Em
minha leitura
São
João del-Rei.
Mármore
e memória.
Silêncio
e da sombra.
Não
haver e da pedra.
Terna
inteligível.
Éric Ponty
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